Roberta
Louise Gibb, conhecida por Bobbi Gibb, nasceu em 1942,
em Cambridge (EUA), passando toda a sua infância em Boston. Roberta sempre
gostou de correr, porém, naquela época, a sociedade achava que a corrida era
imprópria para uma mulher, o que não a impediu de continuar correndo atrás do
seu sonho.
Em 1964, viu sua primeira maratona: a de Boston, realizada nos
Estados Unidos, que é a segunda mais antiga das maratonas, atrás apenas da
maratona olímpica de Atena, e atrai corredores do mundo todo. Mesmo sabendo que
a maratona foi criada em cima de uma base discriminatória, ’’Somente homens
eram aptos a competir’’, Roberta começou a treinar por conta própria.
Em
fevereiro de 1966, Roberta escreveu uma carta para a Associação de Atletas de
Boston, solicitando uma inscrição para concorrer pela Califórnia. Dias depois, o
carteiro trouxe a aguardada resposta dada por Will Cloney, diretor da corrida, dizendo
que as mulheres não eram fisiologicamente preparadas para correr a distância de
uma maratona, que só havia a categoria masculina e que não era permitido às
mulheres participar da prova.
Em
outras palavras: correr não é coisa de
mulher, porque mulheres são frágeis, sensíveis e incapazes de finalizar uma
corrida. Se não bastasse a reprovação dada por Will Cloney, naquela época, existia
uma crença popular com a qual a sociedade acreditava que a corrida podia causar
infertilidade. Mas, Roberta não ficou tão atordoada em relação à infertilidade,
e sim com a resposta dada pelo diretor, pois ela sempre tinha ouvido que a
maratona era para todos – então, significava que competidores de todas as partes
do mundo podiam participar e ela, que cresceu em Boston, não tinha permissão
para correr só porque era uma mulher?
Com
toda essa indignação, Roberta disse que essa reprovação seria mais uma razão
para correr e decidiu que faria a Maratona de Boston, de todo jeito, sem
inscrição e sem autorização, pois ela queria provar que correr 42km não era
questão de gênero e sim de força de vontade e treino. Até então, a União dos
Atletas Amadores dos Estados Unidos só permitia que as mulheres corressem no
máximo 1,5 milha (2,41Km), porque realizar uma prova de 42km só podiam ser um
feito dos homens por serem “fisicamente e psicologicamente superiores às
mulheres”.
A partir daí,
Louise decidiu arrumar suas coisas e viajar quatro dias e três noites da
Califórnia até Boston, durante esse tempo, ela sofreu bastante, pois passou
fome e frio. Mas, disposta a participar da maratona, ela traçou um plano: de se
esconder até que ouvisse o tiro de disparada. E foi isso que Roberta
fez, correu até os competidores e se misturou, durante um longo percurso ela
não foi percebida, mas um dos competidores percebeu e informou aos outros e,
para surpresa da Roberta e dos diretores da maratona, os competidores a
apoiaram até o final, porque se dependesse dos diretores eles a retirariam da
pista e a expulsavam assim como tentariam fazer com Kathrine Switzer, no ano
seguinte.
Quando faltavam
apenas 2 milhas (3,21km), Roberta quase desistiu. O emocional pegou, começou a
se sentir uma fracassada. Foi salva ao ver a linha de chegada, logo após virar
o quarteirão. Encheu-se de coragem, lembrou que estava ali para demolir
preconceitos e deu aquele sprint final.
Com todo o apoio dos
corredores, Bobbi terminou a maratona no 126º lugar, à frente de dois terços dos homens, em um
tempo de 3 horas, 21 minutos e 40 segundos.
Na linha de chegada, dezenas de
repórteres aguardavam por Roberta que foi cumprimentada pelo governador de
Massachusetts, John Volpe, virando destaque dos principais jornais do estado no
dia seguinte.
Roberta não imaginava que
toda essa disposição e garra mudaria sua história, além dos destaques nas
mídias, ela se tornou exemplo de várias mulheres e conseguiu a inclusão de uma
categoria feminina na competição.
Diante de todo esse esforço,
Roberta conseguiu provar que as mulheres podem ser sensíveis, mas isso não
impede que elas não sejam capazes de competir com homens, independente do
seguimento.
Homenagem
a Roberta
Em 2016, aos 73 anos, Roberta
foi a grande Mestra de Cerimônia na 120ª edição da Maratona de Boston, onde
circulou em um carro especial, rodando à frente do pelotão dos corredores, como
se em um abre-alas “maratonístico”. Situação muito diferente da que passou em
1966.
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