Qual seria a sua reação ao descobrir que uma profissão que hoje é exercida, predominantemente, pelo sexo masculino, foi criada por uma mulher? Em Hollywood, por exemplo, segundo a revista Variety, apenas cerca de 7% dos filmes são dirigidos por mulheres, e a situação é praticamente a mesma no restante do mundo.
Pois
bem, este post é sobre Alice Guy-Blaché – a primeira diretora de cinema do
mundo.
Alice Guy-Blaché, considerada a verdadeira mãe do cinema, nasceu em Saint-Mandé na França, em 1873, e faleceu em 24 de março de 1968, aos 94 anos. Mudou-se para Paris, após a morte do seu pai, e lá conseguiu um emprego de secretária na empresa de fotografia de Max Richard, tendo trabalhado depois para Léo Gaumont em sua empresa de fotografia, juntamente com seu marido, o cinegrafista Herbett Blaché, que viria a se tornar a primeira companhia de produção cinematográfica do mundo, graças ao investimento de Gaumont e as habilidades de Alice.
Após a primeira apresentação dos irmãos Lumière, inventores do cinematógrafo que reproduzia imagens em movimento, Gaumont começou a reproduzir e comercializar suas próprias câmeras, com o intuito de explorar esse viés inusitado trazido pelos Lumière.
Foi então que Alice demonstrou seu interesse em transformar o avanço técnico das câmeras, em algo ainda maior: uma forma de contar histórias. Tomou coragem e pediu permissão a Gaumont para rodar algumas cenas com um grupo de atores que eram seus amigos. E, em 1896, concebeu seu primeiro filme La Fee Aux Choux: A Fada dos Repolhos.
Léo Gaumont, percebendo o resultado e interessado na perspectiva de aumentar a lucratividade do seu negócio, criou um departamento de cinema narrativo e nomeou Alice como responsável pelo mesmo. E, por meio desse "incentivo", Alice tornou-se a primeira diretora e produtora executiva na história mundial do cinema, sendo também pioneira no uso de efeitos especiais. Outro dos seus grandes feitos, foi a sincronização do som de um gramofone com as imagens, o que marcou a passagem da era do cinema mudo.
Com uma produção estimada em mais de 600 filmes entre curtas e longas-metragens, Guy-Blaché, posteriormente fundou sua própria companhia nos EUA, o Estúdio Solax, e tornou-se um dos ícones mais ousados da época, ao se arriscar em várias técnicas pouco ou nada exploradas, como a colorização primitiva e seus efeitos especiais.
Infelizmente, assim como outros inúmeros investimentos da mesma natureza na época, sua companhia veio à falência. Mesmo assim, Alice não desistiu que nasceu para fazer e continuou fazendo cinema para outras produtoras, antes de abandonar de vez a carreira.
Pouco depois, divorciou-se de Blaché e voltou para a França sem nenhum apoio financeiro. E, com a explosão das obras hollywoodianas, e ascensão da supremacia masculina cinematográfica, as mulheres foram perdendo seu espaço, e o estilo de cinema de Alice Guy-Blaché, bem como suas obras e contribuições foram apagados pelas grandes produções.
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