terça-feira, 31 de outubro de 2017

JÚLIA LOPES DE ALMEIDA

Um nome. Um legado. Um vazio emblemático na história.


Júlia Lopes, nasceu em 24 de setembro de 1862, e passou quase toda a sua infância na cidade natal. Mudou-se com sua família para Campinas aos 7 anos, onde permaneceu até os 23 anos.

Foi uma importante escritora brasileira, tendo contribuído com mais de 40 obras para o acervo literário do país, entre elas: romances, contos, narrativas, literatura infantil, crônicas e artigos. Júlia também foi uma das primeiras mulheres a escrever para a imprensa, contribuindo com vários periódicos da época como artigos, jornais e revistas.

Seu primeiro livro foi publicado em 1886, em coautoria com sua irmã Adelina, com o título de “Contos Infantis”, e sua última obra data de um mês após seu falecimento em 1934, com o título de “Pássaro Tonto”.

Começou a escrever quando ainda era uma menina, mas, devido ao medo de ser repreendida, fez de tudo para esconder seu gosto pela arte, e tudo aquilo que escrevia. Mas, felizmente, seu segredo não demorou muito a ser revelado, pois sua irmã Adelina (com quem viria a escrever um livro mais tarde) o descobriu e contou a seu pai, o português Valentim Magalhães.

Ao contrário do que se esperava, Valentim ficou imensamente feliz ao descobrir as habilidades da filha, e a inseriu no circuito literário de Campinas, do qual era cooperador e organizador. E, graças a isso, Júlia teve a sua primeira oportunidade de mostrar seu talento, ao escrever um conto sobre o espetáculo da atriz Gemma Cuniberti, italiana que fazia teatro infantil no Brasil, que foi publicado em 1881 na Gazeta de Campinas.

A partir de então, contribuiu assiduamente com textos para a imprensa da época e, em 1885, quando decide passar uma temporada no Rio de Janeiro, Júlia é convidada por Olavo Bilac para participar do periódico “A Semana”, que era patrocinado por Valentim Magalhães e Filinto de Almeida (com quem se casaria 2 anos depois em Lisboa).

Após o seu casamento com Filinto, que era jornalista e poeta, mudou-se para o Rio de Janeiro e, no início do século 20, estabeleceu-se em Santa Tereza, em uma chácara que abrigava o salão verde ou casa dos artistas, como era conhecida por ser um importante ponto de encontro dos intelectuais da época.

Júlia foi um exemplo de mãe, anfitriã, esposa e profissional. Vivia constantemente buscando o equilíbrio entre sua carreira e seus papéis familiares, de maneira que não parecesse soberba, ambiciosa e presunçosa aos olhos da sociedade.

Apesar dessa aparente dificuldade, Júlia continuou se destacando e ganhou a posição de escritora mais publicada na Primeira República com aproximadamente 30 obras.

Embora não fosse sua intenção, o seu sucesso impulsionou a quebra do ciclo de produção literária exclusivamente masculino. Mas, até o momento, tal fato não havia sido motivo de problemas para ela. Até aquele momento.

Infelizmente, a ilustre carreira de Júlia Lopes e a sua notável contribuição para história da literatura brasileira não foram suficientes para impedir que ela sofresse uma das maiores injustiças da época: a privação de uma das cadeiras de fundadora da Academia Brasileira de Letras.

Tanto Júlia, quanto seu marido Filinto estiveram engajados no projeto que viria a se tornar a ABL, entretanto, em 3 de dezembro de 1896, quando Lúcio de Mendonça (propulsor do projeto) sugeriu em um artigo à Folha de S. Paulo, que Júlia ocupasse uma das cadeiras destinadas aos fundadores da agremiação, só recebeu três indicações de apoio vindas de Valentim Magalhães, José Veríssimo e Filinto.

O argumento usado para justificar a pouca relevância atribuída ao pedido de Lúcio, foi o de que segundo o regulamento da Academia de Letras Francesa (que serviu de inspiração para a criação do prêmio brasileiro), apenas homens de letras poderiam ingressar.

E, como forma de amenizar o peso do preconceito e mostrar alguma consideração pela a sugestão feita por Lúcio de Mendonça, a cadeira que seria de Júlia foi, então, dada a seu marido Filinto.

E, durante mais de 80 anos, outras mulheres brilhantes, como Júlia foram impedidas ou sequer cogitadas de assumirem uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, pois, só em 1977, Raquel de Queiroz viria a ocupar a cadeira de número 5 da instituição.

Parte das obras de Júlia


ESCOLARES
Histórias da Nossa Terra
Contos Infantis (com sua irmã Adelina Lopes)
A Árvore (com seu filho Afonso Lopes de Almeida)

ROMANCES
A Família Medeiros
Memórias de Marta
A Viúva Simões
A Falência
A Intrusa
A Casa Verde (com seu marido Filinto de Almeida)
Pássaro Tonto
O Funil do Diabo

TEATRO
A Herança (um ato)
Nos Jardins de Saul (um ato)
Doidos de Amor (um ato)

CONTOS E NOVELAS
Traços e Iluminuras
Ânsia Eterna
Era uma vez...
A Isca (quatro novelas)

DIVERSOS
Livro das Noivas
Livro das Donas e Donzelas
Correio da Roça
Jardim Florido
Eles e Elas
Maternidade (obra pacifista)
Brasil (conferência)

Homenagens

Em 2017, em comemoração aos 120 anos de sua fundação, a ABL homenageou Júlia Lopes, em uma conferência criada por Ana Maria Machado (sexta ocupante da cadeira de número 1 da instituição). Nomeada de cadeira 41, foi criada a fim de simbolizar um lugar de destaque para aqueles que já se foram e, por algum motivo, não puderam ocupar uma das 40 cadeiras da Academia.

Outra importante ação foi realizada em março deste mesmo ano em prol de tornar conhecida a vida e obra de Júlia: o lançamento do livro A (in)visibilidade de um legado – Seleta de textos dramatúrgicos inéditos de Júlia Lopes de Almeida. A autora Michele Asmar Fanini, pela Editora Intermeios com coedição da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), escreveu e publicou esta obra que foi o resultado de uma pesquisa de pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. Vale a pena conferir! Clique e acesse:

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Bem-vindo ao M de História!

Se você chegou até aqui é porque:
  1. Você gosta e quer aprender um pouco mais sobre a cultura e o passado;
  2. Sente falta de informações sobre as contribuições das mulheres na história;
  3. Quer estar sempre por dentro de notícias e curiosidades;
  4. Precisa urgente de referência bibliográfica para um trabalho;
  5. Está buscando inspiração!

E se você se encaixou em uma ou mais dessas opções, temos uma boa notícia: você está no lugar certo! Aqui, você encontra tudo isso e muito mais!

E como todo relacionamento tem que começar com algumas perguntinhas e respostas básicas, aqui vai o nosso perfil:

O projeto

O “M de História” é um projeto que tem como principal objetivo dar crédito às mulheres que desafiaram seu tempo, quebraram tabus, mudaram a história e, muitas vezes, não tiveram seu devido reconhecimento. Ao mesmo tempo, vamos permitir que outras mulheres se inspirem e sejam motivadas por esses relatos. E, é claro, fornecer conteúdo verídico e educativo para ajudar você que quer saber mais sobre a cultura e o passado.

Como surgiu

A iniciativa partiu do desafio proposto por um trabalho acadêmico da Faculdade Promove pelo curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda: o PIM (Projeto Integrador Multidisciplinar) que abordou o tema “Comunicação e Desenvolvimento de Estratégias para Mídias Eletrônicas”.
A partir de então, juntamos nossas paixões e escolhemos desenvolver o tema: a influência da mulher na história.

Quem Somos

Danielly Amaral, 19 anos

Fotógrafa, estudante de Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda, é apaixonada por pessoas, registros, design, e gosta de ensinar.

Richelle Magalhães, 20 anos

Redatora, estudante de Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda, leitora compulsiva, é apaixonada por pessoas, escrita, e tudo que remete a antiguidade e história.

Elizabeth Blackwell

Elizabeth Blackwell nasceu em 03 de fevereiro de 1821, perto de Bristol, na Inglaterra. Mudou-se com sua família para os Estados Unidos, qu...